A JORNADA DE UM STORYTELLER!


A música alta ecoa em minha mente e atrapalha o caminho das palavras, o som das vozes se torna cada vez menos importantes e o mundo se reduz calmamente até que tudo o que me resta sou eu, minhas ideias e algumas poucas palavras que lutam pela sobrevivência na jornada que começa em algum lugar de minha mente e termina no papel branco.
Lembro de quando eu era criança e podia resumir minha filosofia de vida em histórias para os meus bonequinhos, podia encaixar qualquer pensamento que me parecesse minimamente interessante em um universo composto por diversos personagens mas o tempo passa e a vida acaba fazendo com que os bonequinhos se tornem um passatempo um tanto estranho para um professor de inglês de 19 anos e tatuagem no braço. Dos bonequinhos e das histórias de heróis acabei indo para o papel, sempre assustador antes de preenchido e percebi, muitas e muitas páginas depois, escritas ao longo de alguns anos, que a escrita era minha nova mania, era com a poesia e os contos que eu descontava no mundo a imperfeição de tudo, em silêncio, acompanhado apenas do que cabia em minha cabeça.
Na sala de aula eu me sentia bem, mas quando percebemos, aos 20 e poucos anos de idade, que temos quase metade de nossas vidas em anos de carreira somos obrigados a repensar se é realmente isso que queremos ser, se é realmente esse titulo que queremos carregar profissionalmente. Por muito tempo eu acreditei que a sala de aula era mesmo o meu lugar, ou pelo menos quis me convencer disso, e foi assim que acabei me perdendo em folhas cada vez mais brancas e realidades cada vez mais distantes daquela da minha infância criativa que tanto me fazia bem. Procurei constantemente novas maneiras de me relacionar com mundo, novas experiências e conhecimentos, esperando que em algum lugar do mundo eu encontrasse alguma coisa que me fizesse feliz. Na cozinha do restaurante na Inglaterra, aprendendo a cozinhar e de certa maneira realizando um sonho, o melhor momento do dia era a pausa para o cigarro, não para saciar o vício em nicotina, mas para preencher as folhas de um pequeno caderno que carregava no bolso da calça com as histórias que me vinham à cabeça enquanto cortava quilos e quilos de cebola. Enquanto carregava tijolos e equipamentos de construção pelas obras nos subúrbios ingleses eu aproveitava para conversar com meus colegas de trabalho sobre suas histórias de vida, procurando em cada um deles um motivo para escrever e enquanto batíamos o cimento em seus moldes eu cantarolava poesias quase épicas sobre um rapaz que procurava seu lugar no mundo. Não importava o quanto eu tentasse, no fim das jornadas eu sempre estava na frente de uma sala de aula usando minhas histórias para tentar ensinar inglês ou português, até que um dia, essa segurança acabou e eu me encontrei nas ruas de São Paulo sem poder dizer “sou professor na escola x ou y”.
Ser demitido nem sempre é uma boa notícia, mas duas horas depois da minha demissão, quando recebi uma ligação de outra escola querendo me contratar, por algum motivo que eu não sabia bem o qual, eu neguei a proposta e entendi que ensinar inglês não era mais o suficiente. Ainda amo a sala de aula, serei para sempre professor, mas não mais das matérias que costumava ensinar, eu queria ensinar coisas novas para o mundo e para ensinar coisas novas precisamos aprender coisas novas. Iniciei, então, mais uma de minhas buscas por algo que me fizesse feliz e acabei conhecendo um curso de storytelling que me lembrou muito de como eu me sentia quando criava histórias para os meus bonequinhos. Fiz o curso e descobri que havia sim, um lugar no universo para as minhas histórias e com a ajuda de pessoas maravilhosas que apareceram na minha vida junto com esse curso, eu acabei assumindo um novo título, um título que eu jamais imaginei possível: tornei-me storyteller e reaprendi a brincar com as palavras como fazia em minha adolescência. Só que agora a brincadeira era séria.
Eu sou o Luis Mathias, ou Gaspar como sou conhecido por aí e dedico meu tempo e minha felicidade a criar histórias que ajudem pessoas e marcas a alcançarem seu objetivos e estou muito feliz por oficializar a minha participação no storieswelike.blogspot.com e fazer parte do mundo da Storytellers ao lado de amigos e mentores. 

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